Livraria Cultura

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sexta-feira á tarde...nada como um acarajé...quente...com sabor da Bahia

Ingredientes:
2 kg de feijão fradinho;
3 dentes de alho;
Azeite de dendê para fritar
Sal a gosto.

Sirva com pimenta, vatapá, caruru, camarão seco e
salada de tomate verde, cebola e coentro.

modo de fazer:
Coloque o feijão fradinho de molho em água fria de um dia para o outro. Guarde a água.
Quando o feijão começar a inchar, lave-o com água fria até soltar toda a casca.
Moer o feijão sem casca (em moinho especial/processador/liquidificador) com a água reservada até formar uma massa branca espessa e acrescente o alho previamente moído e o sal.

Aquecer frigideira ou tacho com quantidade suficiente de azeite de dendê para cobrir os bolinhos de acarajé enquanto são fritos.

3 colheres de sopa de massa para fazer os bolinhos

Frite em azeite de dendê bem quente virando-os uma única vez. Os bolinhos devem ficar com uma tonalidade avermelhada por fora e claro por dentro.

Para servir os bolinhos parta cada um ao meio sem separar as partes. Coloque dentro vatapá, caruru, camarões seco e para quem gosta molho forte de pimenta.

Obs.: Fique sempre batendo a massa que restou, enquanto frita, para que ela não fique águada.



Hum que gostoso....Bom demais!!!


AQUÁRIO

Silente e impassível
o mar
navega sua beleza
em preguiçosas caudas
e barbatanas velozes,
ilumina-se em translúcidas medusas
e na cromática simetria das escamas.

Refrata a luz e a vida
no remanso submerso das águas,
em seus relicários de pérolas
e no balé itinerante dos cardumes.

Mar, ó mar…
escondeste teus íntimos mistérios
na pressão insuportável dos abismos
nessas paisagens indevassáveis da vida
onde transitam feições primordiais jamais iluminadas.

Abres, contudo, as pálpebras da aurora
e o sol emerge do teu ventre qual fornalha ardente
e na superfície das águas
ilumina tua face absoluta
nesta horizontal extensão do azul
nesta planície sulcada de quilhas e naufrágios
onde se agitam as caudas gigantescas das jubartes
e as asas serenas do albatroz.

Teus brancos litorais abraçam a Terra
desde sempre marejados pelo teu íntimo palpitar.
Tuas marés redesenham os cinturões de areia
e delimitam teu espaço inconquistável.
Os manguezais invadidos retratam teus domínios.
Contra teu furor levantam-se falésias
fiordes verticais e punhais de granito.
Edificas tua linha de recifes,
teus castelos de corais,
cultivas teus jardins de algas e sargaços
onde mandíbulas poderosas,
venenos e descargas fulminantes,
ditam teu código submerso.

Mar, ó mar
transparente beleza de flores e de frutos
território enigmático de vidas e silêncio
abismo onde flutuam os sobreviventes
sudário de todos os náufragos.

Mar azul
chamo-te água absoluta
porque absoluta é a tua sedução
a tua irresistível espuma
a mobilidade do teu ritmo
tua incessante sinfonia
teu eloqüente silêncio.

E contudo…
diante do etérico oceano…
diante dessas deslumbrantes ilhas estelares…
tu és apenas um úmido ponto no infinito
um aquoso respingo
minúsculo aquário
um minuto ondulante na eternidade
há bilhões de anos se espraiando
nessa gota salgada suspensa no universo.

MANOEL DE ANDRADE
Curitiba, março de 2004
Este poema consta do livro “Cantares”, editado por Escrituras